domingo, 3 de maio de 2009

TATUO-ME, LOGO EXISTO


Uma tatuagem,
tanto pode ser mensagem
como simples provocação.

Pintar o próprio corpo,
à mão,
é preciso ter coragem!

Coisa velha como o mundo,
a tatuagem.

Já madame cromagnon,
com rimmel, creme e baton
aos deuses prestava homenagem.

Caçadores, predadores e matadores,
faraós, sacerdotes e vendedores,

guerreiros, marinheiros, fuzileiros,
talhantes, merceeiros e padeiros,

damas, putas, esposas e concubinas,
Antonietas, Bolenas e Josefinas,

homos, heteros e outros heróis,
Batmans, Rambos, índios e caubóis,

Luís Décimo-Quarto e Salomão,
Átila, Hitler e Napoleão,

Samurais, Incas e Maias,
gregos de tutu, escoceses de saias,

toda a gente se devia tatuar
p’ra gritar
"- Existo, sou diferente!
Sou moderno, sou p’rá frente!
Rejeito a carneiresca mesmice
Da engravatada sonsice!

Tenho um cristo no meu peito
e uma espada mesmo a jeito
que corre do ombro p’rá mão.

Junto ao umbigo um dragão!",
paroxítono como deve ser
(ainda que nada tenha a ver).

Mas já vai longa esta prosa,
ou verso, qu’é como quem diz!

Só vos quero mostrar a rosa
que um feiticeiro aprendiz
me gravou com mão airosa
mesmo na ponta do nariz!


Dezembro 2008

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