O Canário não gostava nada de ver o Homem
fechado numa gaiola.
Mesmo espaçosa,
mesmo dourada,
uma gaiola é uma gaiola.
Uma prisão.
Mesmo que tenha ruas e casas.
Mesmo que seja imaginária,
será sempre um espaço físico ou mental
bem definido e circunscrito.
Ainda que não tenha guardas.
Ainda que não tenha presos.
Quando me ofereço ao vento
e me deixo levar para onde o ar não pesa,
vejo com estes olhos de águia
– perdão, mas até o canário por vezes quer ser águia –
os Homens presos nas suas gaiolas.
Nas gaiolas dos seus conceitos e preconceitos,
das suas ganâncias e arrogâncias,
dos ódios e dos tédios,
dos seus amores e outras dores,
das tradições e mistificações.
Soubessem eles que,
quando nos afastamos suficientemente,
as diferenças entre os Homens,
que ao perto são abismos,
esbatem-se ao longe
num conjunto de figurinhas desajeitadas,
grotescas até,
esgotando-se na perseguição da sua própria cauda.
Se ao menos os Homens tivessem asas...
Outubro 2007
sábado, 2 de maio de 2009
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