a terceira vez que nasci
saí da barriga de um avião
a 10.000 metros de altitude
algures entre o velho e o novo mundo
no ano sem graça de 1988
como certos animais
o meu primeiro alimento
foi a gordura acumulada
durante os percalços
da minha vida anterior
nasci por obra e graça de mim próprio
sem mãe nem pai
nem berço nem láctea teta
as dores de parto prolongaram-se
durante a viagem,
discretas, silenciosas
não teve águas derramadas
nem cordão umbilical,
cortado rente à saída de lisboa.
após a aterragem
saí do aeroporto já pelo meu pé
e, qual tartaruga de ovo recém quebrado,
procurei o mar
ainda não voltei a nascer
Abril 2009
quinta-feira, 4 de junho de 2009
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