acomete-me por vezes uma estranha sensação
de que alguém ou alguma coisa me quer
empurrar para um canto,
limitar-me o espaço,
apequenar-me à condição doméstica
de coisa que é d’outrem,
travar-me a fala e o pensamento,
condicionar-me a memória.
sustenho a revolta
e deixo-me empurrar
e sujeito-me,
quase de bom grado,
quase grato,
ao conforto do canto,
à comodidade de bicho de companhia
mas logo me sobe ao peito
uma dor de raiva contida
de animal acossado
que morde e rasga a mão do carcereiro,
pois mesmo um rato ganha dentes de lobo
quando nem rato o deixam ser
acordo sempre com a boca seca.
Junho 2009
domingo, 21 de junho de 2009
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