a segunda vez que nasci
corria o ano de sessenta e nove
e o mês era fevereiro,
por sinal o mais curto
do calendário gregoriano
talvez por desígnio papal,
aí pelos oito meses de criação
chegou-me uma ânsia ao peito fetal
e ala que se faz tarde,
decidi irromper do maternal útero
e assumir-me como gente.
desta vez nasci menina.
a minha pressa de nascer
era já sintoma genético
do que viria a ser
a minha forma de viver
sempre com pressa.
teria dois quilos de peso,
um pouco mais, talvez
mas uma fome gigante
que a cada par de horas
me fazia berrar
como se me estivessem a matar.
minha mãe sofreu, calculo,
nem um dia,
nem uma noite de descanso
meses atrás de meses
mas, afinal, ser mãe deve ser isso,
ser tudo ... ser mãe
e o meu pai?
agora que falei nisto
eu devia ter um pai
toda a gente tem um pai
não me recordo de o ter visto
a terceira vez que nasci .....
Março 2009
quinta-feira, 4 de junho de 2009
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