quinta-feira, 4 de junho de 2009

CONSUMISMO NATALINO

Consumismo é uma forma de cozer as frustrações
em banho-maria,
assim uma espécie de ansiolítico.

E enquanto nos dedicamos,
furiosamente,
a empenhar o futuro,
cumprimos carneiramente o presente.


Além disso,
ainda me incomoda mais o Natal
porque sou um guloso compulsivo.

Não há fatias douradas
nem coscurões
nem bolo-rei
nem filhós
nem arroz doce que me satisfaçam.

Mas as crianças ficam felizes
com as metralhadoras chinesas,
os tambores chineses,
os pianos eléctricos chineses
e os jogos de computador
"quanto mais sangue melhor"!

Felizes??
Entram mas é em processo de transformação genética
e desatam a rir quando vêem uma metralhadora real
a matar pessoas reais
em qualquer Burma real do planeta.


Mas temos a maior árvore de Natal da Europa!

Ah, isso está bem!

Consome toneladas de kilowatts,
é plástico,
e foi financiada com os lucros himalaianos de um Banco.

Mas nem tudo é estúpido,
consumista,
comercial,
balofo,
mentiroso,
anti-ecológico,
opiácio,
doentio
e pagão.

Há uma coisa que me derrete o coração:
as musiquinhas de Natal!!

Que é que querem?

Se me cantarem um Jingle Bells ao ouvido,
humedece-se-me os olhos;
com o Silent Night aperta-se-me a garganta;
as canções de igreja põem-me a chorar desalmadamente!

Vejam só:

O menino está dormindo
Nos braços de São José,
Os anjos Lhe estão cantando:
“Gloria tibi domine”.

"O Natal devia ser todos os Dias!",
in “Revista da União dos Comerciantes do Distrito de Lisboa”.



Dezembro 2007

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