Consumismo é uma forma de cozer as frustrações
em banho-maria,
assim uma espécie de ansiolítico.
E enquanto nos dedicamos,
furiosamente,
a empenhar o futuro,
cumprimos carneiramente o presente.
Além disso,
ainda me incomoda mais o Natal
porque sou um guloso compulsivo.
Não há fatias douradas
nem coscurões
nem bolo-rei
nem filhós
nem arroz doce que me satisfaçam.
Mas as crianças ficam felizes
com as metralhadoras chinesas,
os tambores chineses,
os pianos eléctricos chineses
e os jogos de computador
"quanto mais sangue melhor"!
Felizes??
Entram mas é em processo de transformação genética
e desatam a rir quando vêem uma metralhadora real
a matar pessoas reais
em qualquer Burma real do planeta.
Mas temos a maior árvore de Natal da Europa!
Ah, isso está bem!
Consome toneladas de kilowatts,
é plástico,
e foi financiada com os lucros himalaianos de um Banco.
Mas nem tudo é estúpido,
consumista,
comercial,
balofo,
mentiroso,
anti-ecológico,
opiácio,
doentio
e pagão.
Há uma coisa que me derrete o coração:
as musiquinhas de Natal!!
Que é que querem?
Se me cantarem um Jingle Bells ao ouvido,
humedece-se-me os olhos;
com o Silent Night aperta-se-me a garganta;
as canções de igreja põem-me a chorar desalmadamente!
Vejam só:
O menino está dormindo
Nos braços de São José,
Os anjos Lhe estão cantando:
“Gloria tibi domine”.
"O Natal devia ser todos os Dias!",
in “Revista da União dos Comerciantes do Distrito de Lisboa”.
Dezembro 2007
quinta-feira, 4 de junho de 2009
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