sexta-feira, 5 de junho de 2009

O MONSTRO

Os pensamentos enleiam-se,
por vezes,
e procriam e crescem à volta do que foi,
no início,
um assomo singelo de ideia,
tão simples,
que quase não merece o nome
de ideia.

De uma ideia que era apenas isso,
uma sombra,
d’ ínfimo ponto flutuante no espaço
sináptico,
nasce e expande-se um monstro
emocional,
que nos rasga todos os resquícios
de sentido.

Por geométrico processo de agregação,
irracional,
e em tempo tão pouco que não tem medida
no tempo,
ocupa todo o nosso espaço vital,
abusivo,
e logo nos possui e manipula,
destruidor.

Num brutal espasmo de raiva
atávica,
olhos cegos e coração vazio
por desamor
distorce e conspurca o princípio
essencial
E morre no pântano frio
da solidão.


Março 2009

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