sexta-feira, 12 de junho de 2009

NAS TULHERIAS COM CHICO BUARQUE

Já bem entrado era Agosto,
em passeio p’las tulherias,
o cheiro de flores e de mosto,
as crianças em correrias
até me engelhava o rosto
e alegrava o coração
e o cérebro, em comunhão.

Eis que encontrei o descartes
mais o chico da holanda
teclando com mozart
sem deixar passar a banda
que vinha do campo de marte
em animada conversa
sentados num tapete persa.

Empunhava o chico, viril,
uma enorme clave de sol,
como um símbolo do Brasil,
e gritava:

- “Eu sou o farol
do presidente operário fabril!
Sou o retrato em branco e preto,
da ópera do malandro, o libreto!”

- “Alto aí”, berra mozart, sustenido,
“que de óperas bem sei eu!
seja malandro ou bandido,
congressista ou filisteu,
ninguém merece apelido
de cefalópode molusco!

Ouve-se a voz cartesiana:
- “Verborreico e vermelhusco,
será, mas parem com essa chicana!
Há que atentar no percurso
da usina p’rá selva urbana!
Mudou com método o discurso
exaltado do sindicato,
e aprendeu economês!
mas tremei, oh povo ingrato,
Vão tê-lo lá outra vez!”


Abril 2009

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