quinta-feira, 7 de maio de 2009

ODE À RIMA

(estrofes I e II, cantadas pelo solista, sem rima, versos equilibrados)

Pobre, triste, abandonada,
fora de prazo e de moda,
longe dos tempos medievos
em que à mesa del Rey sentava.

Desprezada pela métrica,
antiquada, conservadora,
cinzentista ensimesmada,
sem-abrigo da poesia moderna.

(antístrofe, cantado pelo coro, com rima)

Não nos venhas assombrar!
Fora, fora, rima maldita!
deixa-nos trabalhar,
não nos compliques a escrita!

(epodos stichos, cantado pelo solista, sem rima, versos grandes e pequenos)

Guarda-te, contudo, oh rima amada e nunca esquecida,
o teu tempo voltará!
Oh sal da poesia, a quanto canto deste o ritmo e a cor,
quantas almas enlevaste
ao som de belas e tónicas homofonias.

(antístrofe final, cantado pelo coro, com rima)

Abaixo o verso livre e grosso!
Morte aos poetas traidores
e ao seu canto velho e moço!
Sem rima, são prosadores!


Janeiro 2009

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