quarta-feira, 16 de março de 2011

A CIGARRA E O NESPRESSO

Chegou o grande momento
de pedir em casamento
a mulher com quem sonhava
e perdidamente amava
desde os tempos de criança.

Tão grande foi a festança,
tanto comi e bebi
que totalmente esqueci
as minhas obrigações!

Rezei vinte e uma orações
à divina Providência
a quem pedi sapiência
p’ra entender que o meu fado
tinha o caminho traçado
no tom maior da guitarra!

Meu destino é ser cigarra
seguir à deriva p’la vida
sem ter termo nem medida.

Mascar chiclete de figo
e beber com um amigo
um nespresso ristretto,
dormir à noite sem teto
fazer amor com a lua
e bailar de roda na rua.

Escrever mil versos por mês
recriando em português
a memória do luso império
e acabar, enfim, no cemitério
sem arrependimento nem dor
sem glória nem temor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário