O vento rodopiava, violento,
p’lo meio da tarde longa de verão.
Trazia calor e areia com cheiro de áfrica,
sugava a seiva vital das árvores
e secava por dentro as cascas dos bichos
e encasulava em solidão as pessoas,
rendendo a terra às espirais de pó.
O vento rodopiava, violento,
p’lo meio da tarde longa de verão.
Acolhido a um barraco de adobe,
boca de palha e olhos parados
fixados para além do nada, o homem,
abraçado aos joelhos como feto sentado,
conjurava as forças dos sonhos passados,
deixava a alma subir ao teto
para olhar o seu corpo-feto sentado no chão.
O vento rodopiava, violento,
p’lo meio da tarde longa de verão.
E o homem esperava, esperava
com a paciência vidente dos que sabem,
com a humildade atávica dos sem-nome,
que as velas do vento amainassem
e devolvessem o tempo aos homens.
Mas o vento rodopiava, violento,
p’lo meio da tarde longa de verão.
Dezembro 2009
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
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