era feia, aquela mulher negra
era feia
a tez que fora sedosa ao toque
era negra cinza e baça
os lábios volumosos e sanguíneos
rompiam da face como ferida
cicatrizada de fresco
os olhos negros
diamantes de pobre
nadavam na baía de água pútrida
em tempo verde
que a malária amarelou
o nariz alargava-se na face
e abria-se em duas fossas largas
fontes de muco
que corria por entre os seios decadentes
que os novos patrões
mandavam esconder
com capulanas de cimento
da barriga desmesurada
rasgada pelos crânios de crianças
paridas de muitos pais
caía o pano negro rubro
até aos pés cascudos e gretados
chama-se luanda,
aquela mulher negra
Outubro 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
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